4- Capítulo

Dilan era um amigo que conheci na net, nós se falávamos todos os dias e compartilhávamos nossas ideias e objetivos futuros, embora não tivéssemos nada em comum a amizade cresceu  tanto que conversar virou rotina. Contei a ele sobre o resultado da entrevista e sobre minha mudança repentina para o Brasil.

Como Dilan estava morando a trabalho no Brasil, surgiu a possibilidade de um encontro, Ykary romântica como é pensou logo que poderia rolar um romance entre nós dois, claro que eu não era idiota o suficiente para acreditar que Dilan fosse real afinal eu não sou mais uma garotinha, e já havia visto muitos perfis falsos na internet.

Eu havia me dedicado a minha carreira profissional e acabei não dando espaço para me envolver em relacionamentos, não que eu não saísse ou paquerasse mas, não dava oportunidades de algo mais serio aos rapazes dos meus círculos. Eu tinha me apaixonado uma única vez ainda na pré-adolescência algo forte e intenso para a nossa idade, um sentimento que nem o tempo nem a distancia e a falta de contato conseguiu tirar do meu coração. 

Ykary também era solteira rsrsrs... na verdade ela nunca tinha namorado ninguém, ela estava esperando encontrar o cara certo, parecia uma menininha sonhando com seu conto de fada e varias vezes me fazia rir com sua criatividade embora no fundo eu sabia que toda essa ilusão era apenas uma maneira que minha amiga usava para deixar seu coração livre de qualquer paixão impossível.

No fundo eu tinha curiosidade de conhecer o Dilan, mas estava com o pé atrás quem poderia me garanti que eu encontraria o mesmo homem das fotos da internet; eu sabia muitas coisas sobre ele, porem atrás de um PC podemos ser quem desejamos e muitas das vezes usamos a internet  para ser alguém que  gostaríamos de ser ou que não temos coragem de ser.

Naquela noite não fomos só nós duas que não dormimos cedo meus pais também estavam ansiosos pela mudança e felizes por que estavam realizando um sonho antigo no qual eu era a barreira que impedia os dois de saírem da Espanha.

Minha mãe sempre foi meio triste eu não tenho certeza do motivo, desde pequena eu a via chorar as escondidas e na minha frente ela sempre tentava parecer alegre e feliz, mas eu podia notar uma grande tristeza no fundo dos seus olhos, penso que seja por ela não ter parentes além de mim e papai; mamãe nunca me falou do seu passado e sempre que eu perguntava percebia seus olhos lagrimejar e logo ela dava uma desculpa e mudava o assunto ate que parei de perguntar.

Eu estava ainda de birra pra arrumar minha mala, não podia acreditar que iria deixar meu tão amado país; meu estomago estava cheio de borboletas um medo do desconhecido estava dominando minha mente mais era tarde pra voltar atrás e também meu orgulho não permitiria que esse medo bobo me impedisse de encarar a vida e seguir em frente.

Ykary tentava me animar contando as maravilhas do Brasil, segundo ela iria me levar para conhecer cada local  e provar cada comida típica; eu não estava segura que iria gostar pra mim eu estava indo a trabalho e isso era tudo iria me limitar a sair o mínimo possível eu não queria encontrar por acaso alguém que ficara no passado.

Então chegou o dia em que me despedi da Espanha deixando meus medos, meus temores e meu passado sendo obrigada a dar um passo no qual não tinha certeza de ser o certo, talvez fosse um passo em falso mas como saber o que o destino nos reserva se não deixamos o amanhã escrever nossa historia? Melhor se arrepender do que fez do que se arrepender de algo que tivemos a oportunidade de fazer e não tivemos coragem.